Brasil – Eliene Amorim de Jesus, uma missionária de 28 anos, permanece detida no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís (MA), desde 17 de março de 2023, acusada de envolvimento nos atos de 8 de janeiro em Brasília.
Apesar da falta de provas que a liguem diretamente aos atos de vandalismo contra os prédios dos Três Poderes, Eliene pode enfrentar uma pena de até 17 anos de prisão. Seu caso ganhou destaque novamente graças ao jornalista maranhense José Linhares, que trouxe à tona a história da jovem negra, moradora do bairro Angelim, na capital do Maranhão. Eliene, que não possuía antecedentes criminais, trabalhava como doméstica, babá, auxiliar de creche e manicure para sustentar-se. Estudante de Psicologia, ela tinha um objetivo claro ao viajar para Brasília: coletar dados para escrever um livro sobre as manifestações que ocorriam no país.
Segundo Linhares, a missionária já vinha reunindo um vasto material de pesquisa, incluindo fotos e anotações, desde os protestos que acompanhou em São Luís. Sua ida à capital federal, junto a centenas de outros maranhenses, era parte desse projeto de pesquisa, no qual pretendia fazer uma análise psicológica dos acampamentos instalados em frente aos quartéis. Nas redes sociais, Eliene chegou a compartilhar que estava em Brasília no dia 8 de janeiro, o que, segundo o jornalista, foi suficiente para que fosse presa “em flagrante” – mesmo que a detenção tenha ocorrido dois meses após os eventos. Diferentemente de outros manifestantes que estavam com ela, Eliene foi a única do grupo a ser detida, o que levanta questionamentos sobre os critérios da prisão. Natural de São Luís, Eliene Amorim de Jesus se descrevia como uma observadora atenta do comportamento humano.
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De acordo com José Linhares, seu interesse acadêmico a levou a querer entender o que motivava as pessoas nos acampamentos e nas manifestações que tomaram o país após as eleições. “Ela queria conhecer as histórias, os sentimentos, e transformar isso em um livro como pesquisadora”, relata o jornalista. No entanto, o que era para ser um trabalho de campo transformou-se em um pesadelo judicial. Sem evidências concretas de que tenha participado dos atos de depredação em Brasília, a prisão de Eliene tem sido alvo de críticas. Sua trajetória – de uma mulher trabalhadora, estudante e sem histórico criminal – contrasta com a severidade da acusação.
Ainda assim, o processo segue em andamento, e a missionária permanece encarcerada enquanto aguarda julgamento. Mais de dois anos após os eventos de 8 de janeiro, o caso de Eliene Amorim reflete a complexidade das investigações e prisões relacionadas àquele dia. Para seus defensores, ela é vítima de um sistema que agiu de forma precipitada; para as autoridades, sua presença em Brasília é indício suficiente de participação. Enquanto isso, o sonho de publicar um livro sobre o que viu e ouviu permanece suspenso, assim como sua liberdade.
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